De fato em nosso ambiente social a emoção é vista como algo incômodo e indesejado; algo a ser evitado e quando aparece é vista como um erro, uma falha, um defeito! Em função disso, e do nosso desconforto, vamos evitando-a, escondendo-a e aparentemente conseguimos até anulá-la. Nossa emoção é negada! Aparentemente! De fato não só ela continua existindo, mas também participando e influenciando nossas escolhas, decisões, atitudes, mesmo que de forma invisível para nossa consciência. Mesmo que isso não seja uma informação nova, que seja inegável e indiscutível no meio técnico, é sim vista com surpresa e mesmo negada pela maioria da população porque, como já escrevi em outro texto, acreditamos que somos apenas aquilo do que temos consciência!
É assim porque vemos (temos consciência) quase que apenas das emoções mais radicais, duras, negativas; e estas nos incomodam! Dessa forma podemos admitir a existência de algumas diferentes emoções como a raiva, o medo, o susto, mas temos alguma dificuldade de identificar algumas positivas bem com podemos ser incapazes de nomear algumas mais sutis, apesar de, a maioria das pessoas responderem a essas emoções mais sutis nas outras pessoas, de forma inconsciente!
De fato, gostando ou não, conscientes ou não, lidamos permanentemente com emoções, nossas ou de outras pessoas, mas infelizmente, quando tomamos consciência delas, as criticamos na maioria das vezes. Vemos então as emoções como se fossem um vírus: algo a ser evitado porque não gostamos dele, ele nos faz mal e, principalmente, não sabemos como lidar com ele.
Enxergamos as emoções explicitamente positivas nos outros:
Aceitamos, mas aceitá-las em nós pode, ainda, provocar algum desconforto e também algum desejo. Sentir nossa emoção implica em um momento de apreciação contemplativo e porque não dizer, sem sentido, idiota, isto é, irracional (emocional). Somos animais racionais o que quer dizer que não somos apenas racionais (somos também animais). Negar nosso mundo emocional é negar uma grande e importante parte de nós e, cegos a esse mundo, nos submetermos, impotentes, aos seus caprichos! Pior: deixamos de viver, perceber, ter consciência de uma grande parte de nós e do mundo que nos rodeia. De fato nem nos damos conta dessa perda porque temos um “bom” motivo para isso: nossos valores, nossos deveres e, naturalmente, a invisível mão da sociedade que nos empurra para cumprirmos esses deveres e nos afaga quando obedecemos a esse impulso cumpridor! Devemos ir à escola, devemos estudar, trabalhar, casar, ter filhos, devemos amar (obedecer) nossos pais, nosso cônjuge, nossos filhos, devemos respeitar os mais velhos, as leis. Devemos ser educados, gentis, sorridentes, respeitosos, benevolentes, cordatos, amáveis, honestos, sinceros. Devemos tomar banho, vestirmo-nos bem. Devemos, devemos, devemos. Atenção: dever é estar em dívida e devemos pagar nossas dívidas! Nos sentimos devedores e com a obrigação de pagar permanente e eternamente essa dívida. Sentir prazer, relaxar, desfrutar é, então, um pecado; é arriscado porque acreditamos que isso nos fará não pagarmos nossa dívida e se isso ocorrer o mundo nos rejeitará.
Apreciar a vida, desfrutar o prazer, o amor não é incompatível com atitudes que atendam nossos valores/deveres; a busca deve ser de um equilíbrio.
No próximo texto tentarei mostrar que, mesmo não gostando e negando, assumimos inconscientemente e buscamos emoções.
Texto muito enriquecedor,profundo!
Da uma boa Reflexão.
Apenas um ponto de vista discordante
em relação ao excelente texto quando
nos refere como “Somos animais racionais
…….animais)”.
Somos SER humano!!
Gratidão.