(Publicado em Filhos no Século XXI)
Raros são os casais que compreendem a relação que estabeleceram e que estão vivendo. Dos jovens ouve-se muitas vezes que “está com ela(e) enquanto for bom”. Como visão racional é uma postura adequada porém não é nesse âmbito que a relação de afeto se dá.
A relação de afeto duradoura acontece no campo emocional inconsciente. A escolha do momento, da pessoa e da forma na qual a relação se estabelecerá, pode nos parecer racional e sob controle, porém “há mais mistérios…” que detalhamos neste blog em vários posts sob os títulos Vínculo, Desenvolvimento e Papéis.
A relação amorosa é, antes da paternidade e maternidade, um estágio de desenvolvimento emocional no qual recuperamos informações e revivemos a formação da nossa matriz de relaçãosendo, dessa forma, uma oportunidade de aperfeiçoamento desta e uma conquista em nosso caminho à individuação.
Naturalmente não sabemos disso e mesmo essa informação nos parece esdrúxula, rebuscada ou fantasiosa, até que nos percebemos em uma teia de fios invisíveis mas que., se não nos prendem completamente, atrapalham nossos movimentos.
É dessa forma que na relação que chamávamos de amorosa, começam a acontecer silêncios, disputas sem que se atine exatamente o motivo, menosprezo pelo outro, punições sexuais conscientes (desinteresse, repúdio) ou inconscientes (distúrbios sexuais diversos), desrespeito, e sentimentos negativos variados de boicote, ironias, negação, etc..
Muitos casais convivem em permanente luta e é freqüente que os filhos fiquem no meio do fogo cruzado e eventualmente sejam atingidos por uma bala perdida.
Muitos se separam e isso não obrigatoriamente isenta as crianças de seqüelas. Outros usam as crianças como armas nessa guerra. Não é incomum que uma criança continue sendo alvo de disputa por anos após a separação; o vínculo do casal supera os laços formais e a proximidade física e, dessa forma a Guarda Compartilhada serve apenas como mais uma justificatva para a manutenção desse status.
Os casais que procuram a psicoterapia de casal são aqueles que percebem que está acontecendo algo que foge ao seu controle racional pois a pessoa que se percebe como sendo apenas o que vê no âmbito consciente, entende a terapia de casais como “aconselhamento”.
Ao invés de avançarem na sua individuação, repassam aos filhos uma matriz relacional sem significativos aperfeiçoamentos.
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